sábado, 28 de agosto de 2010

O som de si?

      
Bom...eu deveria começar falando do nome do blog, mas podemos falar disso depois.

       Hoje pensei sobre sons e silêncio. Claro que não tenho nada filosófico ou belíssimo para falar, nada como foi dito por Milton Nascimento ou outros...

       Na verdade sou muito sonora, falo pacas, e sempre estou envolvida em situações de ruídos, ausência de som mesmo, só ao dormir, e nem todas as noites! Mas deixemos as vivências pessoais para depois...

       Esse mundo dinâmico e gerúndio está sempre repleto de acústica (agora mesmo todos dormem e o ventilador e o teclado insistem em se comunicar) e me pergunto: onde foi parar o silêncio? Dentro de cada um? 
       Bom...se assim foi, estou perdida porque em mim não o encontro. Será que está perdido no meio dessa barulheira toda que somos, produzimos, aturamos? Estará perdido em sonhos ou em contos? Não sei, mas hoje, especialmente hoje, talvez fruto da embriaguez que me toma, talvez filho do cansaço, encontrei o silêncio. Foi rápido, fugaz, mas real e estonteante; ele estava dentro do capacete, na concentração de um barulho de motor. Ele me visitou, falou de doçura, me seduziu e me escapou.

       Saudades do silêncio em mim, no mundo. O doce silêncio que te dá a sensação de compreensão da vida, que lembra o prazer da música, que chama os amigos para conversar. Esse silêncio que deixa tão especial a luz da lua.

 
       Saudade de simplesmente ouvir o escuro mudo da vida.

3 comentários:

Alice Barros disse...

Eu costumo dizer que quando escrevo desfruto da minha companhia. Escrevo qd sinto em mim um silêncio absoluto que precede uma enxurrada de palavras que refletem exatamente o que eu sinto!
O silêncio em nós é um momento de nos vermos sem máscaras e de sabermos o que sentimos ou pensamos de um modo distante de toda falácia e toda censura que podemos sofrer qd nos expressamos verbalmente.
Sei lá, eu gostei desse texto. Me identifiquei!

Tatiany M disse...

Mas é isso... o silencio é pai da poesia, da musica, dos sonhos. É sob suas asas q nasce o belo. E exatamente como tudo q realmente vale a pena, é artigo de luxo.
Qnts vezes o barulho dentro de nós suplanta o externo?
O silencio vive hj, no distante mundo etereo, e para encontrá-lo pagamos o alto preço de olhar para si, e esse nem sempre é um doce encontro, mas certamente gera maravilhas!
Bj,

Margot disse...

Oi...
Ao passear nessas divagações... por esses passeios prosáicos e poéticos.... lembrei de duas coisas... nossos momentos na faculdades.... cheios de barulhos e silêncios (interrogações) e de um poema-canção do arnaldo antunes... veja-o:

"O Silêncio
Arnaldo Antunes
Composição: Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes

antes de existir computador existia tevê
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor"

Sou sua fã, menina!!!
tudo de bom para ti....
besos..
Margot