terça-feira, 21 de setembro de 2010

Paradoxal Anseio

Eis que habitas em mim, e sinto um calor sombrio
Fruto do meu  medo, ou do mistério de teus olhos?
Embriago-me de ti e sigo na languidez dos apaixonados ao luar.
Mas sóbria, tenho rosas nas mãos e neves nos pés.

Paradoxalmente sugo o perfume da paz e exalo o sabor da dúvida!
Segura em teus braços, presa em tua pele, voando nesse mar revolto e sem fim.
Serve-me, por favor, a cor de teus olhos e a maciez de tuas mãos
Para  que mesmo a distancia vivas em mim?

Dormita domina de meus sonhos... pois ao ver-te assim
Quero apenas me jogar nesse abismo,  o vento no rosto
E tua música enchendo-me de azul.





sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Rotina...


Tic-tac, o relógio cruelmente não para de determinar meus passos.


Tic-tac, levanta cedo, tic-tac chuveiro em gotas de gelo, é hora de acordar!!!

Todos os sons da cidade. Ela grita em seu ritmo frenético, e tic-tac é o único som que consigo escutar.

O som das obrigações, o som do “não dá pra parar”, um seco som de melodia repetida e sem poesia, será?

Tic-tac metálico, cinzento, duro, voraz. Tic-tac sem alma, sem profundidade, tic-tac da produtividade, do consumo, do poder( ou seria do não poder?).

Tic-tac e todos dão bom dia... tic-tac já é tempo de almoçar... tic-tac e você volta para casa. Sentiu o dia passar? Choveu? Fez calor? Olhou para o céu alguma vez? Será que algum pássaro cantou? E esta noite terá luar? Tic-tac não deu para observar.

O corpo cansado, metas para alcançar! Tic-tac, os ponteiros avisam: é preciso realizar! Criatividade para ganhar dinheiro tic-tac, preciso genializar! Chopinho na praia? Conversa com os amigos, dessa vez( como sempre), não vai dar!

A madrugada chegou. Lembro que um dia fomos amantes...bebi cada gota de seu néctar inebriante, nos amávamos levados pela poesia e a boa música
. Sigo desejando-te madrugada, mas tic-tac preciso dormir!

Ai que saudades das letras, da juventude onde a encontrei ... do corredor repleto de surpresas, das discussões filosóficas sem fundamento teórico,da crença de que sabíamos muito, da sede por aprender mais!

Lá onde a Poesia reina soberana ao lado de seu amado Tom ( o musical) e da sua irmã Liberdade! Lá onde só se sabia que o tempo passou porque a noite nos abraçava, desse tempo sem tic-tac, mais leve, mais profundo, onde os olhos que se encontravam tinham alma. Lá onde não se pode chegar mais.

Tic-tac é melhor dormir, pois, tic-tac já já é hora de acordar! Que pena!