sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Rotina...


Tic-tac, o relógio cruelmente não para de determinar meus passos.


Tic-tac, levanta cedo, tic-tac chuveiro em gotas de gelo, é hora de acordar!!!

Todos os sons da cidade. Ela grita em seu ritmo frenético, e tic-tac é o único som que consigo escutar.

O som das obrigações, o som do “não dá pra parar”, um seco som de melodia repetida e sem poesia, será?

Tic-tac metálico, cinzento, duro, voraz. Tic-tac sem alma, sem profundidade, tic-tac da produtividade, do consumo, do poder( ou seria do não poder?).

Tic-tac e todos dão bom dia... tic-tac já é tempo de almoçar... tic-tac e você volta para casa. Sentiu o dia passar? Choveu? Fez calor? Olhou para o céu alguma vez? Será que algum pássaro cantou? E esta noite terá luar? Tic-tac não deu para observar.

O corpo cansado, metas para alcançar! Tic-tac, os ponteiros avisam: é preciso realizar! Criatividade para ganhar dinheiro tic-tac, preciso genializar! Chopinho na praia? Conversa com os amigos, dessa vez( como sempre), não vai dar!

A madrugada chegou. Lembro que um dia fomos amantes...bebi cada gota de seu néctar inebriante, nos amávamos levados pela poesia e a boa música
. Sigo desejando-te madrugada, mas tic-tac preciso dormir!

Ai que saudades das letras, da juventude onde a encontrei ... do corredor repleto de surpresas, das discussões filosóficas sem fundamento teórico,da crença de que sabíamos muito, da sede por aprender mais!

Lá onde a Poesia reina soberana ao lado de seu amado Tom ( o musical) e da sua irmã Liberdade! Lá onde só se sabia que o tempo passou porque a noite nos abraçava, desse tempo sem tic-tac, mais leve, mais profundo, onde os olhos que se encontravam tinham alma. Lá onde não se pode chegar mais.

Tic-tac é melhor dormir, pois, tic-tac já já é hora de acordar! Que pena!

Um comentário:

Alice Barros disse...

E de repente a gente se vê levado por um turbilhão de coisas, de obrigações, de deveres, de chateações e os pequenos prazeres, as pequenas alegrias se perdem no meio do nosso cansaço, da nossa eterna falta de tempo.
Nos vemos como péssimos adminsitradores do tempo. Eu especialmente me vejo consumida pela incapacidade de fazer tudo de prazeroso que eu gostaria.
Adorei o texto...