Sua imagem está turva na água parada na qual observa seu reflexo.
Adeus. Há Deus no ponto final? Ou seria uma sugestão de entregar a Deus os acordes finais? Mas a que deus?
Hades? Para enterrar tudo o que dói?Khronos? Para que sopre todas as pétalas caídas, todas as pedras ensanguentadas e as transforme em adubo e alicerce?
Afrodite? Para que dance com a dor até que ela seja, apenas, notas tristes e mergulhe nas doces e singelas cores de um novo amor?
Ou cada um desses deuses e deusa trabalha lenta e constantemente no fim e, por isso, há deus?
Lágrimas grossas caem na água turva. Talvez no final do arco-íris só haja a lembrança dos sonhos idealizados. Talvez seja - somente - o vazio de quem não sabe mais para onde ir.
Ou para além do arco-íris é necessário caminhar e o pote é aquilo que fica depois do fim?
Já é noite alta e a lua é o único reflexo possível na água.
É hora de levantar.
A única verdade é que cedo ou tarde o sol vai nascer.
4 comentários:
Como esse Deus nunca é de adeus, pois no dá a oportunidade de ver o sol novamente e poder contemplá-lo, ao nascer e ao se por. Deus , deus e nunca Adeus, apenas até breve.
Perfeito!!!!
Lindo lindo! A arte de pôr em versos essas indagações e sentimentos é uma dádiva.
Chuva em lágrimas e lagos; pôr-do-sol em cores, calor e esperança, assim como o arco-íris; e os deuses... os deuses talvez seja umpouquinhodosamigosmaischegados.... tanta imagem... tanto som... tanto cheiro... Quer uma abraço?! Quer um colo?!
Postar um comentário